A esperança era grande. Sempre era. Sempre que a via aquela chama acendia. Querendo ou não. Era dia, o sorriso dela já tinha sido mostrado. Agora era diferente. Já havia um passado, ainda que único e pontual. Havia muita história. Mas o que nunca houve foi diálogo.
A descrição de um encantado talvez seja falha. Talvez imprecisa. Mas sem dúvida, é bela. Os olhos pintados, a saia curta e colorida, o corpete preto. O olhar impenetrável de sempre. Linda, com os cabelos enrolados, a maquiagem ressaltando seus olhos castanhos, a pele branquinha, macia como os meus sentidos não deixam esquecer.
As mãos escorregadias escapavam de mim a todo momento. Não adiantavam gestos, e as palavras mal saíam. Ela mal olhava. Nossos diálogos eram inexistentes. Só aconteciam quando estávamos em conversas com outras pessoas. Só assim aqueles olhos encantadores me olhavam e eu podia vê-los, bem no fundo.
A noite passou, a madrugada invadiu e trouxe surpresas. Ela dormia, todos dormíamos. Amigos, que dividiam aquele espaço naquela noite. A proximidade entre nós me levou para mais perto dela, envolvendo-a com um abraço. Um abraço que foi correspondido, de forma surpreendente. Um abraço que transformou-se em sonho, em um pedaço do paraíso. Um sonho envolto em beijos que pareciam ter parado o tempo.
Um suspiro suave e o mundo desaparece. Minutos que não tem segundos. Mas que acabam...
E trazem de vlta a dúvida, a falta de olhares, a ausência completa do diálogo. Alguns sorrisos, algumas palavras. Muitas palavras no silêncio, mas nenhuma sobre o mundo que ficou parado, sobre os sentimentos indescritíveis que passavam ali na minha cabeça. E as palavras não saíram, e o tempo passou e a dúvida ficou.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Uma noite, a primeira e única
Se conheceram quase por acaso, tempos atrás. Nem se lembravam mais os detalhes de como tinha acontecido. Ela namorava, mas ele a elogiou, flertou com ela sem saber. O namorado ficou bravo, reagiu quando soube, mas ela não. Sorriu. Maliciosamente, sorriu.
Veio um, dois, três, quatro encontros. Mas sempre espaçados de meses e meses entre um e outro... Meses longos, que eram quebrados com beijos alucinados, sedentos, elogios talvez exagerados, masi ainda sinceros e a vontade de se ver de novo. O que só aconteceria de novo meses e meses depois...
Encontros proibidos, mas que não podiam ir além do nível 1. A vontade nunca faltava, mas o cerco só apertava mais. Ficava mais perigoso - e mais gostoso -, o que tornou os encontros mais espaçados e menos frequentes.
Até que ela ficou solteira. Por uma daquelas coisas que não sabemos bem como acontece, nem por que - e nem questionamos também. O negócio era aproveitar. E fizeram isso.
Os dois pareciam um pouco receosos. O que seria deles, agora que as barreiras não existiam mais? Experimentaram... Sentiram o gosto da liberdade, se curtiram de um jeito que nunca tinham conseguido. Não precisavam se esconder. E foi o que fizeram.
O doce sabor do proibido não existia mais. Sò que agora o gosto do prazer era mais lento, mais forte... De algum modo, o desejo aumentava mais, à medida que os dois se viam. Se tornava inevitável que as conversas de mais de dois anos chegassem à cama. Era só questão de tempo.
Não demorou para que aquele desejo inflamado um pelo outro acabasse entre os lençois. Era uma noite entre amigos, até que sentiram que não dava mais para ageuntar. Subiram para o quarto do sobrado sabendo o que fariam. Os sorrisos maliciosos que trocavam eram mais do que suficientes para despertar ainda mais desejo entre eles.
Ele se deliciou, mas ficou com a sensação que podia ter feito mais por ela. Queria ter feito mais por ela, tornar a noite mais inesquecível. Ela, por sua vez, achou que podia ter dado mais. Os dois saíram satisfeitos um com o outro, mas insatisfeitos com si mesmos.
Mas, assim como antes, os encontros estavam espaçados demais. Menos do que antes, mais do que os dois gostariam. Cada um começou a criar uma teoria da conspiração... Ela achabdo que não exercia mais a mesma atração sendo solteira. Ele não querendo pressionar alguém que acabara de sair de um namoro e com receio de se apaixonar por ela, sem poder ser correspondido.
Continuavam se falando, se desejando. Mas ela se sentia insegura. Depois de anos namorando, não sabia o que esperar dele. Ele queria mais dela, mas achava que ela queria curtir a vida de solteira. E ele tinha medo de se apaixonar, ficar ainda mais viciado nela. Sem perceber, já era fascinado por ela mais do que podia saber. Ela, sem perceber, sentia mais falta dele do que ele sequer podia imaginar.
Insegura, ela viu o ex se reaproximar. Gostou. Sentiu na aproximação a segurança que não sentia há meses. Sentiu-se abrigada. Deitou-se no deleite de um amor requentado, seguro, feliz.
Contou a ele. Achava que ele não daria tanta importância, mas ele deu. Disse a ela que não era o que ele queria, mas se era o que ela queria... E disseram, um para o outro, tudo que pensavam. E se surpreenderam. Não sabiam o que pensavam um do outro. Se arrependeram. Fizeram promessas um ao outro. Não iriam perder mais chances, nem tempo, nem que seriam enganados pelas barreiras invisíveis que tinham se imposto.
Ela voltou ao namorado. Ele foi dormir.
Veio um, dois, três, quatro encontros. Mas sempre espaçados de meses e meses entre um e outro... Meses longos, que eram quebrados com beijos alucinados, sedentos, elogios talvez exagerados, masi ainda sinceros e a vontade de se ver de novo. O que só aconteceria de novo meses e meses depois...
Encontros proibidos, mas que não podiam ir além do nível 1. A vontade nunca faltava, mas o cerco só apertava mais. Ficava mais perigoso - e mais gostoso -, o que tornou os encontros mais espaçados e menos frequentes.
Até que ela ficou solteira. Por uma daquelas coisas que não sabemos bem como acontece, nem por que - e nem questionamos também. O negócio era aproveitar. E fizeram isso.
Os dois pareciam um pouco receosos. O que seria deles, agora que as barreiras não existiam mais? Experimentaram... Sentiram o gosto da liberdade, se curtiram de um jeito que nunca tinham conseguido. Não precisavam se esconder. E foi o que fizeram.
O doce sabor do proibido não existia mais. Sò que agora o gosto do prazer era mais lento, mais forte... De algum modo, o desejo aumentava mais, à medida que os dois se viam. Se tornava inevitável que as conversas de mais de dois anos chegassem à cama. Era só questão de tempo.
Não demorou para que aquele desejo inflamado um pelo outro acabasse entre os lençois. Era uma noite entre amigos, até que sentiram que não dava mais para ageuntar. Subiram para o quarto do sobrado sabendo o que fariam. Os sorrisos maliciosos que trocavam eram mais do que suficientes para despertar ainda mais desejo entre eles.
Ele se deliciou, mas ficou com a sensação que podia ter feito mais por ela. Queria ter feito mais por ela, tornar a noite mais inesquecível. Ela, por sua vez, achou que podia ter dado mais. Os dois saíram satisfeitos um com o outro, mas insatisfeitos com si mesmos.
Mas, assim como antes, os encontros estavam espaçados demais. Menos do que antes, mais do que os dois gostariam. Cada um começou a criar uma teoria da conspiração... Ela achabdo que não exercia mais a mesma atração sendo solteira. Ele não querendo pressionar alguém que acabara de sair de um namoro e com receio de se apaixonar por ela, sem poder ser correspondido.
Continuavam se falando, se desejando. Mas ela se sentia insegura. Depois de anos namorando, não sabia o que esperar dele. Ele queria mais dela, mas achava que ela queria curtir a vida de solteira. E ele tinha medo de se apaixonar, ficar ainda mais viciado nela. Sem perceber, já era fascinado por ela mais do que podia saber. Ela, sem perceber, sentia mais falta dele do que ele sequer podia imaginar.
Insegura, ela viu o ex se reaproximar. Gostou. Sentiu na aproximação a segurança que não sentia há meses. Sentiu-se abrigada. Deitou-se no deleite de um amor requentado, seguro, feliz.
Contou a ele. Achava que ele não daria tanta importância, mas ele deu. Disse a ela que não era o que ele queria, mas se era o que ela queria... E disseram, um para o outro, tudo que pensavam. E se surpreenderam. Não sabiam o que pensavam um do outro. Se arrependeram. Fizeram promessas um ao outro. Não iriam perder mais chances, nem tempo, nem que seriam enganados pelas barreiras invisíveis que tinham se imposto.
Ela voltou ao namorado. Ele foi dormir.
domingo, 17 de maio de 2009
Sedução em roxo
Ela tem o sorriso doce de menina, a risada gostosa de criança, o corpo incrível de mulher e o olhar sensual de uma sedutora. Suas roupas com um tom roxo não deixam dúvida que a mulher já deixou a menina para trás há tempos. O que sobrou da menina do interior é as alegrias, o sorriso e a beleza de ser feliz nas pequenas coisas. Mas o olhar... Aquele olhar é de mulher, decidida, sedutora, sensual.
O roxo é dela, é ela, está nela. Às vezes na blusa, outras em um cinto, em um detalhe da pulseira, em um cinto, na saia rodada, no cadarço da bota, no cintilante brilho da maquiagem que a faz brilhar. Fico pensando se ela adotou o roxo ou o roxo a adotou, antes mesmo que ela escolhesse. A cor é dela e ela é da cor.
Ela desfila estilo, mesmo quando não se preocupa com isso. Tem em seu jeito de quem vai bailar pelas ruas, na chuva, no frio, na alegria e na tristeza. Dança quando o sorriso a preenche a alma ou quando as lágrimas mancham suas roupas.
Dança sensualmente, ingenuamente, maldosamente, alegremente, musicalmente. Às vezes, tudo de uma só vez. É sedutora quando quer e perigosamente sensual mesmo se não quiser. Traz em si os gestos, os movimentos e a beleza da dança.
Sua beleza às vezes é das mais simples, outras é das mais sofisticadas. Consegue ser bela no amanhecer e no porvir, na luz e na sombra, no sol e na chuva, no calor e no frio. Porque a sua beleza é muito além dos traços do seu rosto e do seu corpo. É a beleza que o sorriso mostra, perfura, instiga, conquista. São as palavras suaves, sem medo, sem preconceitos, livres, completamente livres, inteligentes, doces ou amargas. São as botas, ou a meia-calça, ou a saia, ou a calça, ou o vestido, ou o cabelo longo, ou o cabelo curto, ou a voz que canta, ou os textos que escreve, ou a amiga sempre disposta, ou a menina que precisa de colo, ou a mulher que escreve suas própria história.
É a sedução em roxo, que conquista, que instiga, que devora, que desperta curiosidade.
O roxo é dela, é ela, está nela. Às vezes na blusa, outras em um cinto, em um detalhe da pulseira, em um cinto, na saia rodada, no cadarço da bota, no cintilante brilho da maquiagem que a faz brilhar. Fico pensando se ela adotou o roxo ou o roxo a adotou, antes mesmo que ela escolhesse. A cor é dela e ela é da cor.
Ela desfila estilo, mesmo quando não se preocupa com isso. Tem em seu jeito de quem vai bailar pelas ruas, na chuva, no frio, na alegria e na tristeza. Dança quando o sorriso a preenche a alma ou quando as lágrimas mancham suas roupas.
Dança sensualmente, ingenuamente, maldosamente, alegremente, musicalmente. Às vezes, tudo de uma só vez. É sedutora quando quer e perigosamente sensual mesmo se não quiser. Traz em si os gestos, os movimentos e a beleza da dança.
Sua beleza às vezes é das mais simples, outras é das mais sofisticadas. Consegue ser bela no amanhecer e no porvir, na luz e na sombra, no sol e na chuva, no calor e no frio. Porque a sua beleza é muito além dos traços do seu rosto e do seu corpo. É a beleza que o sorriso mostra, perfura, instiga, conquista. São as palavras suaves, sem medo, sem preconceitos, livres, completamente livres, inteligentes, doces ou amargas. São as botas, ou a meia-calça, ou a saia, ou a calça, ou o vestido, ou o cabelo longo, ou o cabelo curto, ou a voz que canta, ou os textos que escreve, ou a amiga sempre disposta, ou a menina que precisa de colo, ou a mulher que escreve suas própria história.
É a sedução em roxo, que conquista, que instiga, que devora, que desperta curiosidade.
sábado, 4 de abril de 2009
O beijo de palavras não ditas
Era um dia comum, que não conseguiu acordar cedo por ser sábado. Se deu o direito de acordar mais tarde. Por isso, chegou atrasado. Mas encontrou uma surpresa, vestida de azul. Uma bela surpresa, literalmente. E sua manhã começou bem.
Supermercado, prepração para o primeiro churrasco do ano. Um encontro de amigos, como acontecia com certe frequencia. O vestido azul, as compras, a bebida, a carne, os sorrisos. Ela, de vestido azul, postura de uma lady, sorriso suave, sem exageros em nada.
Sua conversa era sempre inteligente e interessante, o que a tornava muito sedutora. Mas ela representava um passado recente, um relacionamento de não-diálogo, de mil palavras não ditas, do beijo que não aconteceu. Ela representava uma disputa silenciosa. Uma disputa perdida, meses antes, que tinha doído muito. Mas tinha passado.
Quando, por um motivo qualquer, ficamos conversando só nós dois, senti seu sorriso mais perto. Não literalmente, mas uma abertura naquela que parecia ser o muro de Berlim, separando dois países que deveriam ser um só.
Com a queda do muro, a aproximação se tornou maior. O sorriso, os olhos, os cabelos, tudo foi ficando maior. Fui sentindo a pele mais quente, os lábios cada vez maiores, os olhos fechando... As cortinas se abriram e o espetáculo se desenvolveu como se estivesse na Broadway: mágico e indescritível. E quando percebi, já estava acontecendo o beijo, esperado até meses antes, inesperado para este momento.
O mundo parecia ter dado uma grande volta. Uma visita ao passado, sem a paixão, mas com a vontade reprimida por meses. Uma reparação do desejo, de um desejo que estava guardado, quase espequecido no meio das lembranças que tinham perdido o encanto.
Talvez seja o início de uma nova temporada. Uma nova temporada que passou por beijos suaves quando nos encontramos de novo, mas que duraram só dois dias. E que, parecia, ficariam no passado novamente.
Até palavras começam a ser ditas no silêncio e na distância. Um só pode ver o outro através das palavras de outra pessoa. Uma complicação daquelas que não se entende porque existem. Mas existem. E a temporado só (re) começou...
Supermercado, prepração para o primeiro churrasco do ano. Um encontro de amigos, como acontecia com certe frequencia. O vestido azul, as compras, a bebida, a carne, os sorrisos. Ela, de vestido azul, postura de uma lady, sorriso suave, sem exageros em nada.
Sua conversa era sempre inteligente e interessante, o que a tornava muito sedutora. Mas ela representava um passado recente, um relacionamento de não-diálogo, de mil palavras não ditas, do beijo que não aconteceu. Ela representava uma disputa silenciosa. Uma disputa perdida, meses antes, que tinha doído muito. Mas tinha passado.
Quando, por um motivo qualquer, ficamos conversando só nós dois, senti seu sorriso mais perto. Não literalmente, mas uma abertura naquela que parecia ser o muro de Berlim, separando dois países que deveriam ser um só.
Com a queda do muro, a aproximação se tornou maior. O sorriso, os olhos, os cabelos, tudo foi ficando maior. Fui sentindo a pele mais quente, os lábios cada vez maiores, os olhos fechando... As cortinas se abriram e o espetáculo se desenvolveu como se estivesse na Broadway: mágico e indescritível. E quando percebi, já estava acontecendo o beijo, esperado até meses antes, inesperado para este momento.
O mundo parecia ter dado uma grande volta. Uma visita ao passado, sem a paixão, mas com a vontade reprimida por meses. Uma reparação do desejo, de um desejo que estava guardado, quase espequecido no meio das lembranças que tinham perdido o encanto.
Talvez seja o início de uma nova temporada. Uma nova temporada que passou por beijos suaves quando nos encontramos de novo, mas que duraram só dois dias. E que, parecia, ficariam no passado novamente.
Até palavras começam a ser ditas no silêncio e na distância. Um só pode ver o outro através das palavras de outra pessoa. Uma complicação daquelas que não se entende porque existem. Mas existem. E a temporado só (re) começou...
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Beleza mineira
Jornalista. 25 para 26 anos. Cursando o doutorado em linguística aplicada. Sim, é isso mesmo: aos 25 anos, já tinha começado o doutorado. O mestrado já tinha feito em Minas, na universidade federal da capital mineira.
No começo, o que chamava a atenção era o sotaque. Forte, carregado, comendo letras e destilando charme. Aos poucos, apareceu a inteligência, um rosto com traços fortes, uma boca grande, cabelo castanho claro, pintado. Uma cor que parecia caramelo.
Viam-se em reuniões semanais. A orientadora fazia questão que todos, uma vez por semana, estivessem juntos: doutorandos, mestrandos e nós, de iniciação científica. A cada semana, alguns apresentavam resultados parciais de suas pesquisas e colocavam o trabalho para ser questionado, receber sugestões.
Aos poucos, conversaram mais. Afinal, ela era jornalista formada, uma área que muito interessava a ele. Morava em Minas, vinha a São Paulo apenas para receber a orientação sobre seu trabalho. Tinha uma filha de cinco anos.
Algumas conversas do lado de fora da sala de reuniões. Ao ar livre, enquanto ela fumava, sempre com uma ou outra pessoa do grupo junto. Uma mulher alta, quase sempre usando saias escuras, quase sempre pretas. O sorriso, a fala sempre tranquila, com aquele sotaque mineiro típico, gostoso de ouvir.
Olhares. Foi o que fizeram por algum tempo, até trocarem também sorrisos. Passaram a conversar mais. Resolveram conversar também pelo msn. Foi aí que começaram a conversar sozinhos - pessoalmente estavam sempre acompanhados de outras pessoas.
As conversas aqueceram a relação. A amizade, a princípio, mas estava claro que os dois queriam ver até onde aquilo ia. Embora ele fosse mais novo, estivesse na graduação enquanto ela fazia doutorado, tinham conversas ótimas. A diferença de idade não era tão grande. Ele tinha 20, ela 25.
Descobriu que no começo, quando se conheceram, ela era casada. Muito bem casada. Mas aconteceram problemas, se separaram. A filha dela era dele. Casou-se jovem, separou-se também muito jovem. Charmosa, interessante, inteligente e linda, deu espaço para que se aproximassem, flertassem.
Resolveram marcar um encontro. Ela já não dormia mais em hotéis quando vinha a São Paulo - ficava na casa de uma amiga, também do grupo da orientadora. Mas naquele dia, fingiria que iria embora, se encontraria com ele e passariam a noite juntos.
Se encontraram. Ela com malas, ele a ajudou. Foram até um restaurante bar, tomar uma cerveja, conversar. Aquele sotaque o fazia sentir-se mais e mais encantado por ela. Ela, com um olhar sereno, sedutor, fitava-o no fundo dos olhos.
Acendeu um cigarro enquanto ele falava. Ela já tinha bebido chopp com groselha, ele cerveja. Beberam um pouco mais enquanto conversavam.
Ela estava do outro lado da mesa, mas veio para o lado dele. Os olhos dos dois se procuraram. Os rostos se aproximaram. Aquela boca enorme, com lábios grossos o atraía. Ela não conseguia parar de olhar os olhos cor de mel, não aguentava mais de vontade de beijar aquela boca que via na sua frente. O beijo, com os lábios quentes, foi inevitável.
- Achei que isso nunca fosse acontecer - disse ela.
Ele também não. Na verdade, não imaginava que pudesse acontecer. Não se imaginaram juntos no começo, mas a atração nascer, cresceu e se tornou forte. Os levou até ali, juntos.
- Aqui perto fica o hotel onde me hospedava quando vinha para cá, nas primeiras vezes. É simples, barato, mas serve para passarmos a noite.
Seguiram para lá. Lugar bem simples, preço acessível. Quartos pequenos. Com cara de motel. Se registraram no hotel, por uma noite apenas. Seguiram, sorrindo, para o quarto. As mãos dadas nos corredores, como duas crianças levadas, prestes a aprontar.
Entraram no quarto e se sentiram aliviados. Estavam ali, tranquilos. Tinham tempo, tinham um ao outro. Tinham desejo. Ela tirou as botas, enquanto ele a observava. Via como ela era linda, sedutora, como ela o tinha encantado. E estava ali, diante dela, prestes a tê-la nos seus braços.
Sem pressa, curtiram a cama, os beijos, os abraços, as roupas sendo tiradas. Ele ficou impressionado ao vê-la sem roupa. Como era linda, que corpo tinha... E aquela lingerie preta, em contraste com sua pele.
Ele sentiu o gosto dela na boca, nos lábios. Ela o sentiu com a boca, com o corpo, com os olhos, com o seu calor. Os dois se fizeram um. Ele queria dar a ela os olhos fechados, a mordida no lábio, as unhas apertando suas coxas. Queria dar a ela aquele sorriso gostoso. Ela queria fazer ele sentir como um choque pelo corpo todo, fazer ele sentir o sangue ferver nas veias...
Fizeram daquela noite inesquecível. Fizeram daquela sexta-feira um encontro de um paulista com uma mineira. Seria o primeiro. Tornou-se também o último.
Se falaram pouco depois. Disseram que o encontro podia ir muito além daquilo. Que ele poderia visitá-la em Belo Horizonte. Que ela poderia vir a São Paulo. Sonhos e desejos de se ver que nunca foram concretizados.
Ela não o procurou. Ele não a procurou. Não tentaram mais. Ele se arrependeu de não ter tentado vê-la. Ela se arrependeu de ter apenas esperado por ele. A distância e o tempo foram apagando os contatos de um com o outro. Quando deram por si, não conseguiram mais encontrar uma maneira de se falar. Tinham perdido o contato completamente. Nem telefone, nem e-mail, nem msn, nem Orkut, nem nada. Só tinham consigo a lembrança. Mais nada.
No começo, o que chamava a atenção era o sotaque. Forte, carregado, comendo letras e destilando charme. Aos poucos, apareceu a inteligência, um rosto com traços fortes, uma boca grande, cabelo castanho claro, pintado. Uma cor que parecia caramelo.
Viam-se em reuniões semanais. A orientadora fazia questão que todos, uma vez por semana, estivessem juntos: doutorandos, mestrandos e nós, de iniciação científica. A cada semana, alguns apresentavam resultados parciais de suas pesquisas e colocavam o trabalho para ser questionado, receber sugestões.
Aos poucos, conversaram mais. Afinal, ela era jornalista formada, uma área que muito interessava a ele. Morava em Minas, vinha a São Paulo apenas para receber a orientação sobre seu trabalho. Tinha uma filha de cinco anos.
Algumas conversas do lado de fora da sala de reuniões. Ao ar livre, enquanto ela fumava, sempre com uma ou outra pessoa do grupo junto. Uma mulher alta, quase sempre usando saias escuras, quase sempre pretas. O sorriso, a fala sempre tranquila, com aquele sotaque mineiro típico, gostoso de ouvir.
Olhares. Foi o que fizeram por algum tempo, até trocarem também sorrisos. Passaram a conversar mais. Resolveram conversar também pelo msn. Foi aí que começaram a conversar sozinhos - pessoalmente estavam sempre acompanhados de outras pessoas.
As conversas aqueceram a relação. A amizade, a princípio, mas estava claro que os dois queriam ver até onde aquilo ia. Embora ele fosse mais novo, estivesse na graduação enquanto ela fazia doutorado, tinham conversas ótimas. A diferença de idade não era tão grande. Ele tinha 20, ela 25.
Descobriu que no começo, quando se conheceram, ela era casada. Muito bem casada. Mas aconteceram problemas, se separaram. A filha dela era dele. Casou-se jovem, separou-se também muito jovem. Charmosa, interessante, inteligente e linda, deu espaço para que se aproximassem, flertassem.
Resolveram marcar um encontro. Ela já não dormia mais em hotéis quando vinha a São Paulo - ficava na casa de uma amiga, também do grupo da orientadora. Mas naquele dia, fingiria que iria embora, se encontraria com ele e passariam a noite juntos.
Se encontraram. Ela com malas, ele a ajudou. Foram até um restaurante bar, tomar uma cerveja, conversar. Aquele sotaque o fazia sentir-se mais e mais encantado por ela. Ela, com um olhar sereno, sedutor, fitava-o no fundo dos olhos.
Acendeu um cigarro enquanto ele falava. Ela já tinha bebido chopp com groselha, ele cerveja. Beberam um pouco mais enquanto conversavam.
Ela estava do outro lado da mesa, mas veio para o lado dele. Os olhos dos dois se procuraram. Os rostos se aproximaram. Aquela boca enorme, com lábios grossos o atraía. Ela não conseguia parar de olhar os olhos cor de mel, não aguentava mais de vontade de beijar aquela boca que via na sua frente. O beijo, com os lábios quentes, foi inevitável.
- Achei que isso nunca fosse acontecer - disse ela.
Ele também não. Na verdade, não imaginava que pudesse acontecer. Não se imaginaram juntos no começo, mas a atração nascer, cresceu e se tornou forte. Os levou até ali, juntos.
- Aqui perto fica o hotel onde me hospedava quando vinha para cá, nas primeiras vezes. É simples, barato, mas serve para passarmos a noite.
Seguiram para lá. Lugar bem simples, preço acessível. Quartos pequenos. Com cara de motel. Se registraram no hotel, por uma noite apenas. Seguiram, sorrindo, para o quarto. As mãos dadas nos corredores, como duas crianças levadas, prestes a aprontar.
Entraram no quarto e se sentiram aliviados. Estavam ali, tranquilos. Tinham tempo, tinham um ao outro. Tinham desejo. Ela tirou as botas, enquanto ele a observava. Via como ela era linda, sedutora, como ela o tinha encantado. E estava ali, diante dela, prestes a tê-la nos seus braços.
Sem pressa, curtiram a cama, os beijos, os abraços, as roupas sendo tiradas. Ele ficou impressionado ao vê-la sem roupa. Como era linda, que corpo tinha... E aquela lingerie preta, em contraste com sua pele.
Ele sentiu o gosto dela na boca, nos lábios. Ela o sentiu com a boca, com o corpo, com os olhos, com o seu calor. Os dois se fizeram um. Ele queria dar a ela os olhos fechados, a mordida no lábio, as unhas apertando suas coxas. Queria dar a ela aquele sorriso gostoso. Ela queria fazer ele sentir como um choque pelo corpo todo, fazer ele sentir o sangue ferver nas veias...
Fizeram daquela noite inesquecível. Fizeram daquela sexta-feira um encontro de um paulista com uma mineira. Seria o primeiro. Tornou-se também o último.
Se falaram pouco depois. Disseram que o encontro podia ir muito além daquilo. Que ele poderia visitá-la em Belo Horizonte. Que ela poderia vir a São Paulo. Sonhos e desejos de se ver que nunca foram concretizados.
Ela não o procurou. Ele não a procurou. Não tentaram mais. Ele se arrependeu de não ter tentado vê-la. Ela se arrependeu de ter apenas esperado por ele. A distância e o tempo foram apagando os contatos de um com o outro. Quando deram por si, não conseguiram mais encontrar uma maneira de se falar. Tinham perdido o contato completamente. Nem telefone, nem e-mail, nem msn, nem Orkut, nem nada. Só tinham consigo a lembrança. Mais nada.
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