domingo, 21 de setembro de 2008

O gelo que não quebrou

Foto: duchesssa
Antes, era apenas uma festa, onde certamente beberia com os amigos, dançaria, enfim, diversão. Até a despedida de quinta, quando ela, segurando minha mão, perguntou se eu ia. Respondi que sim e ela disse que também iria. Uma sensação gostosa de satisfação pela boa surpresa me dominou da cabeça aos pés. Seria muito melhor do que eu tinha pensado.

Veio o dia seguinte, a correria, tarefas intermináveis até mais de dez da noite. Era hora de irmos. Amigos todos juntos, enchemos o carro e fomos ao encontro dos demais, na casa de um deles - onde ela ainda se arrumaria e ficaria ainda mais linda.

"Qual batom?", ela perguntou, olhando para mim através do espelho que estava na nossa frente enquanto lavava meu rosto. "Rosa", disse, olhando um dos dois que ela tinha na mãos. Estava encantado com a beleza e a presença dela.

Éramos só os dois ali, um ao lado do outro, eu encantado com os olhos, a pele, a boca, o cabelo, o sorriso, a voz... Talvez por isso eu não tivesse a velocidade de raciocínio para dar respostas menos óbvias. Sentia que tinha tudo para ser aquele o dia que ficaríamos juntos pela primeira vez.

Na festa, fomos pegar bebidas juntos. Peguei na mão dela e ela não fez nenhuma questão de soltar. Parecia bom sinal. Depois, nos separamos por alguns minutos, até nos reencontrarmos novamente. Mais algumas tentativas de aproximação, quase sem palavras... Não sabia o que dizer.
Foto: Exian
Juntos, mas ainda separados...

Dança, dança, dança. Dançamos juntos. Bem juntos. Beijos no pescoço dela e parecia que o beijo finalmente sairia...

Mas não saiu. E se me perguntarem por que, eu direi: não sei. Eu queria, eu achei que ela queria, nós dançávamos juntos, nossas bocas estavam tão perto... O que faltou?

Ao nosso lado, uma situação quase idêntica: um amigo dançava com outra amiga, mas o beijo ali também não saía.

Eu não consegui dizer a ela o quanto a queria. Tentava olhar nos olhos dela, que nunca se encontravam com os meus... Estávamos abraçados, dançando juntos, mas o beijo não acontecia. Não sabia o que fazer.

A música mudou, nos separamos de novo. Algum tempo depois, duas mulheres estavam dançando perto de nós. Uma se aproximou dançando grudada em um dos nossos amigos - que parecia não querer ela por perto.

Ela pouco a pouco foi se deslocando para minha direção, junto com outra menina. Começaram a se aproximar tanto que não tive pra onde fugir. Se esfregavam em mim, enquanto eu procurava por quem eu queria, por quem

As duas se esfregavam Uma dela tentou me beijar. "Deixa eu te beijar", ela me disse, depois de algumas tentativas frustradas de aproximar a boca da minha. "É melhor não", eu respondi. Não queria mais ninguém. Só queria uma. Se não fosse ela, não queria mais ninguém aquela noite.

Na despedida, ela beijou meu rosto. Olhando para ela, com aqueles olhos me fitando, disse: "você está linda..."

A noite que tinha tudo para ser a primeira junto acabou só com mais expectativa. Como bem disse o grande amigo que passou pela mesma situação (lembra da cena da dança? Era ele), não adianta pensar no que poderia ter feito - embora seja inevitável pensar nela...

O que sobrou foi a lembrança dela, do sorriso, dos momentos de mãos dadas, da dança... E da expectativa pelo beijo, que continua intensa...

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