Sorridente, sempre muito sorridente. Essa, talvez, seja a primeira descrição que as pessoas façam dela. Alguém que mostra alegria sempre, dentro do seu terninho, sua elegância sempre vistosa. Sua alegria parece tanta que às vezes chega a irritar, dá a impressão de ser aquelas pessoas bobas alegres. Essa visão é amenizada pelo sorriso delicioso que ela tem, a beleza encantadora e o olhar doce.
Ao sair da impressão inicial, é possível ver mais. Ver que a beleza é mais do que apenas graciosa. Uma beleza de mulher, sensual, interessante. Demorei para ver isso. Por muito tempo, ela foi apenas colega, alguém que convivi todos os dias, uma amizade que cresceu. Embora a achasse linda, ela era comprometida e, mais do que isso, praticamente casada: morava junto com o namorado de muitos anos. Aliás, pouco depois que a conheci ela virou noiva.
Por tudo isso, não me permitia mais do que achá-la bonita, reparar nela, mas me dedicar apenas à nossa amizade, aos cafés nas tardes de sábado quando conversávamos e encontrávamos outros amigos. É bom dizer que esses sábados eram raros, poucas vezes nos encontrávamos, mas era sempre um prazer, uma tarde de risadas e conversas.
Com o passar do tempo, a amizade cresceu e eu passei a ver aquele rosto sempre sorridente em momentos de tristeza. Por trás da camada sempre sorridente daquela mulher, havia também angústias, tristezas, desilusões, como todos nós. Ela usa a sua alegria para tentar superar isso e para continuar sendo discreta nos lugares onde ela não quer falar sobre isso, como o trabalho, onde eu a conheci.
Vi lágrimas descendo o seu rosto pelas angústias do seu noivado, as aspirações da carreira que tinha, as contas para pagar. Nem o seu otimismo era capaz de evitar que aquelas lágrimas escorressem pelo seu rosto. Depois de ela tanto me ouvir, eu estava ali para ela, fiz o que podia para estar pronto para o que ela precisasse.
Ponto de virada
Depois de um longo temos sem nos vermos, encontrei com ela em um happy hour. Diferente visualmente, mas com uma alegria enorme, seu sorriso sempre intenso e mais carinhosa do que o normal comigo. Disse que iria viajar para a Europa, passar o final do ano por lá.
Naquele dia, ainda fomos para a balada e aproveitamos para conversar um pouco mais. Isso até me perder delas, encontrar uma colega da faculdade, conversar um pouco e voltar a procurar. Não achei. Acabei dormindo, sem querer, em algum ponto da balada. Fui acordado pela minha colega de classe, que estava indo embora. Fui embora também, sem encontrar aquela com quem saí.
Depois, conversamos que foi um desencontro, ela também procurou, não achou. Os dois saímos com a sensação que poderíamos ter ido muito além, ainda mais com o tanto de álcool que consumimos. As amarras dela, sempre fortes, já pareciam mais soltas.
Enquanto ela esteve na Europa, pouco nos falamos, justificadamente. Ela aproveitava para conhecer lugares fantásticos, tirar fotos incríveis e viver algo que ela imaginou durante muito tempo. Resgatava a felicidade que é sua característica.
Quando ela voltou, algo tinha mudado. Parecia menos presa aos próprios costumes, não era mais submissa à sua situação anterior. Era outra mulher. Aliás, essa é a palavra: mulher. Intensa, sensual, capaz de seduzir - algo que eu nunca tinha visto nela. Ela era sempre a mulher quase casada que jamais dava abertura para esse tipo de coisa. Não mais. Era outra.
O noivado acabou, conforme ela tinha me dito que aconteceria, porque pareciam distantes demais um do outro, ela não suportava mais aquela situação. Confessou, depois, que passou tanto tempo junto dele pelo comodismo. Se gostavam, se conheciam, moravam juntos, por que mudar? A viagem e a distância fizeram com que essa visão mudasse. Ela não se sentia mais tão frágil. Viu que poderia viver sem ele.
E quando combinamos de nos ver, sairmos juntos com alguns amigos, ela era uma mulher quase irresistível. O sorriso era o mesmo, a beleza também, mas a sedução era de níveis que ainda não conhecia. E não demorou para que nossos olhares começassem aquilo que nossos corpos desejavam. A conversa, os elogios, a aproximação... Não poderia acabar de outra forma, um beijo, outro e mais outro, enquanto, na casa dela, esperava ela se arrumar para sairmos.
Naquela noite, acabaram saindo só mulheres. E eu. Mas eu não estava junto com ela, o que aconteceu antes não nos deixou vinculado um ao outro. E isso seria fundamental para o que viria. Ela, linda, sedutora, altamente sexy, chamou a atenção. Não à toa. E, quando percebi, uma das meninas que nos acompanhou na saída falou: "você vai ficar sem casa para dormir", brincava, se referindo ao fato que eu ia dormir na casa daquela que chamava tanto a atenção. Eu disse que não tinha problema, poderia ir direto para casa, esperando amanhecer para ir de metrô.
Foi o que acabou acontecendo. Afinal, ela ficou com um outro cara. E, justiça seja feita, foi assim que quisemos. Não queríamos ser um casal, eu não quis, ela também não. Ela tinha todo o direito, como poderia ter sido eu.
A questão é que ainda parecia que havia uma atração entre nós. E as brincadeiras, sedutoras, sempre continuavam. A amizade continuava ótima, mas com esse tempero colorido que nos deixava mais ligados um no outro. Agora, conversávamos mais, sobre mais coisas, com mais intensidade e sempre um toque de sedução em algumas brincadeiras.
Algum tempo depois, conseguimos marcar para nos ver. E eis que, em meio a uma cerveja e outra, o beijo foi inevitável. Parecia que era mesmo. E foi mais um dia muito bom juntos, mais uma vez mostrando que nossa atração tinha algo delicioso a ser explorado. Mas a vida continuava, cada um por si, com as muitas voltas que ela dá, com os relacionamentos possíveis, com as idas e vindas normais, de sempre, ela com os dela, eu com os meus.
Depois desse dia, porém, não nos vimos mais. Conversas mais raras, espaçadas. Faltava um café, daqueles que fazíamos antes, para poder conversar e colocar tudo em dia. Nas mensagens, ela contou que estava namorando. "Um judeu", ela disse. As mensagens menos frequentes, as conversas já raras quase não aconteciam mais. Até o dia que ela colocou: "em um relacionamento sério" no Facebook. Então, parecia que todos os desejos tinham mesmo sido adiados. Os desejos que o meu corpo sentiam em possuí-la, nem que fosse uma vez, teriam que ser adiados. Talvez, para sempre.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Enlace molhado
Era apenas um flerte, que apesar de nada inocente, esperava pouco. Olhares torridamente trocados, palavras timidamente ditas, vontades que só os pensamentos revelavam. O que era um encontro já se anunciava há algumas semanas, mas a festa veio bem a calhar. Era a oportunidade perfeita. Combinaram. Era chegada a hora.
Naquele dia, os caminhos se encontraram logo no início da noite. Um encontro de olhares, mãos que se seguraram, por poucos segundos, antes de se separarem e se perderem em uma multidão escura. A noite, traiçoeira, trouxe outras surpresas. Não aquele encontro programado, esperado. Veio outra pessoa, outro caso, outra história.
A noite parecia que seria assim - e já seria espetacular se terminasse como terminou. Mas a madrugada reservava mais uma surpresa. Depois de aproveitar a noite de mãos dadas, de forma inesperada, com uma história do passado com capítulos esparsos e sem continuidade, veio um novo encontro. Como aquele lá, do começo, quando as mãos se encontraram e os olhos se devoraram.
Os sorrisos se acharam. Aquele olhar, marcante, forte, sedutor e irresistível, olhava nos olhos de um jeito que a aproximação tornou-se natural. "Vi que você estava com outra", ela disse. "Eu não namoro", ele respondeu. Naquele momento, nenhum deles sabia, mas ali nascia uma atração sedutora e absolutamente livre dos laços de relacionamentos, que tantos problemas causam a milhões de casais.
Ela, ali, disse: "Não fico com caras que namoram". Ele reiterou: "Não namoro". Ambos foram sinceros. Não parece grande coisa, mas essa marca carregariam enquanto se vissem. Os olhares, depois dos esclarecimentos, voltaram a se desejar e as mãos dele envolveram o pescoço dela, aproximando a boca de ambos até tornarem-se inseparáveis.
O desejo percorria o beijo, os cabelos dela no meio dos dedos dele, a pele dela grudada na dele, o olhar sedutor dela com o abraço apertado dele, que a trazia para junto, colando seus quadris, enquanto ele apertava a cintura dela com as mãos, como um escultor moldando sua obra, uma obra-prima, que ele mesmo admirava, linda.
A ligação era forte, de corpo, de olhares, de quadris. A noite chegou ao fim, com a luz começando a enfeitar o dia. Eles não sabiam, mas veriam o dia amanhecer outras vezes, juntos. Mas naquele momento, não importava futuro, nem sabiam se isso existiria, talvez nem se importassem.
O que valia era aquele dia raiado, os beijos molhados, o desejo incontido, o sabor ácido. Era um laço de sedução. Um laço que iriam abrir para aproveitar a paixão devassa, avassaladora e intensa. Mas isso seria outro dia. Naquele, se despediram com um beijo, tórrido - uma marca que deixariam um com o outro, como um souvenir definitivo daquela relação.
Naquele dia, os caminhos se encontraram logo no início da noite. Um encontro de olhares, mãos que se seguraram, por poucos segundos, antes de se separarem e se perderem em uma multidão escura. A noite, traiçoeira, trouxe outras surpresas. Não aquele encontro programado, esperado. Veio outra pessoa, outro caso, outra história.
A noite parecia que seria assim - e já seria espetacular se terminasse como terminou. Mas a madrugada reservava mais uma surpresa. Depois de aproveitar a noite de mãos dadas, de forma inesperada, com uma história do passado com capítulos esparsos e sem continuidade, veio um novo encontro. Como aquele lá, do começo, quando as mãos se encontraram e os olhos se devoraram.
Os sorrisos se acharam. Aquele olhar, marcante, forte, sedutor e irresistível, olhava nos olhos de um jeito que a aproximação tornou-se natural. "Vi que você estava com outra", ela disse. "Eu não namoro", ele respondeu. Naquele momento, nenhum deles sabia, mas ali nascia uma atração sedutora e absolutamente livre dos laços de relacionamentos, que tantos problemas causam a milhões de casais.
Ela, ali, disse: "Não fico com caras que namoram". Ele reiterou: "Não namoro". Ambos foram sinceros. Não parece grande coisa, mas essa marca carregariam enquanto se vissem. Os olhares, depois dos esclarecimentos, voltaram a se desejar e as mãos dele envolveram o pescoço dela, aproximando a boca de ambos até tornarem-se inseparáveis.
O desejo percorria o beijo, os cabelos dela no meio dos dedos dele, a pele dela grudada na dele, o olhar sedutor dela com o abraço apertado dele, que a trazia para junto, colando seus quadris, enquanto ele apertava a cintura dela com as mãos, como um escultor moldando sua obra, uma obra-prima, que ele mesmo admirava, linda.
A ligação era forte, de corpo, de olhares, de quadris. A noite chegou ao fim, com a luz começando a enfeitar o dia. Eles não sabiam, mas veriam o dia amanhecer outras vezes, juntos. Mas naquele momento, não importava futuro, nem sabiam se isso existiria, talvez nem se importassem.
O que valia era aquele dia raiado, os beijos molhados, o desejo incontido, o sabor ácido. Era um laço de sedução. Um laço que iriam abrir para aproveitar a paixão devassa, avassaladora e intensa. Mas isso seria outro dia. Naquele, se despediram com um beijo, tórrido - uma marca que deixariam um com o outro, como um souvenir definitivo daquela relação.
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