segunda-feira, 25 de junho de 2007

Ímpeto & volúpia

Ela se liberou. Soltou a leoa que guardava com esforço quase heróico. Onde se via meiguice e doçura, leia-se agora ímpeto e volúpia.

A sinuosidade do seu sorriso já sugeria sua volúpia. Ela é feroz, intensa, incontrolável. Sensual a cada pinta da sua pele clara, em cada gota de saliva, em cada pêlo que sua roupa esconde.

Um vulcão. Mas envolta, até então, por ma capa de suavidade, temperança, simpatia e meiguice. Uma capa que ela se esforçava para prevalecer alguma outra coisa. Percebia que ela estava para explodir, tamanho o esforço que ela fazia para esconder a sua intensidade incontrolável. Nunca entendi exatamente o porque.

Aquela energia sexual que ela exalava pelo poros fluiu pelas minhas veias e ferveu meu sangue. Aquela volúpia invadiu minhas artérias, encheu meu coração e explodiu meu peito. Transformou-me em puro torpor.

A volúpia que ela trazia misturou-se com meu ímpeto e fez-se veneno, capaz de provocar dores que parecem insuportáveis e prazeres que parecem incomparáveis.

Cheguei a temer que ela se envenenasse e perdesse o controle. Seguro de mim mesmo, não achava que eu mesmo pudesse mergulhar tão fundo no líquido a ponto de não precisar jamais consumi-lo novamente.

Bebia litros do veneno, que escorria pela minha boca, penetrava minha pele e dilacerava qualquer resistência que eu pudesse ter. Aquele veneno consumiu-me dos pés à cabeça. Trouxe os mais cruéis pensamentos e a mais intensa paixão.

Ela não bebia. Saboreava da minha boca o gosto do perigo. A cada momento como esse, eu me embriagava de veneno, enquanto ela sentia apenas escorrer da boca o pouco que consumia.

O perigo e uma dose de perversão em nossos atos dava tons avermelhados ao que acontecia. Ela, porém, vestia a capa que a protegia de assumir o que tinha dentro de si. Ela sabia que uma vez liberada, seria incontrolável, com conseqüências que nem ela nem ninguém poderia prever.

Sempre tive a sensação de apreciação do veneno, mesmo sabendo que consumia minhas sensações, corroía meus sentimentos. Senti-me um hedonista do século 15, em meio ao período Renascentista. O "carpe diem" daquela época, que buscava o prazer imediato, me fazia continuar. Mesmo sabendo que o risco de dor sempre era muito maior do que o de prazer.

Aos poucos e com pequenas doses dessa volúpia, me apaixonei por ela com a voracidade de um lobo selvagem. Sentia ódio por tudo que impedia da satisfação pessoal que tinha ao encher-me do veneno que só produzia quando estava com ela.

Sem perceber, aquele veneno já fazia parte do meu sangue e me consumia todos os dias, todas as noites, fins de semana e feriados.

Ela continuava vestida com a capa protetora. Ela resistia ao veneno que sabia que era produzido com a participação dela.

O veneno não tem cura. Já faz parte do meu corpo e retirá-lo significaria extrair todo meu sangue. Seus efeitos são imprevisíveis, mas uma coisa é certa: vale cada gota que eu avidamente consumi, e que hoje com volúpia, ímpeto e violência consome todos os meus sentimentos - dos mais terríveis aos mais saborosos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Contradição feminina

(...)
- Ela fica impassível dizendo: "não sei o que te dizer, nem o que fazer"
- Bem vindo ao clube
- A minha loucura chega aos níveis de analisar cada palavra dela. E é contraditório, claro
- Claro! Ela é mulher, vc esperava o que? É engraçadinho, mas não é piada não, é sério.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Carta voluptuosa

Foi a maciez do teu olhar
Talvez teu cheiro de mistério e sensualidade
Quem sabe uma temporária fragilidade
Ouvi teu coração bater apertado
Com os olhos senti a amargura na sua boca

Seus cabelos, sempre belo
Ou tua boca seca de amargura e doce de sedução
Levaram-me a um êxtase viciante
Incomparável sensação que não repeti nunca mais

Teus olhos blindados escondem a ternura do teu olhar
O som saboroso da tua voz ouriça os mais escondidos sentimentos

Nem a violência das tuas palavras é capaz de derrubar
O mais impetuoso amor que meu coração insiste em te dar
Porque ele tem a violência do maremoto
A intensidade do bater de asas de um beija-flor
E o sabor de chocolate
A sedução escorre nos teus lábios

O gosto que não sai da boca é da tua sedução
A volúpia dos teus toques ainda parece quente
Teus dentes mordendo os lábios
Tua cintura envolta em meus braços
Te coração batendo pelo meu
Tua pele esquentando a minha
Minha barba roçando teu pescoço
Tuas mãos, suadas
Puxando-me contra teu seio
Teus olhos fechados
Os suspiros deixando meu corpo
Meus lábios encostados na sua pele
E minha voz dizendo
Que o amor que minhas palavras declamam
São impressas pelo meu corpo no seu

terça-feira, 12 de junho de 2007

Carta impetuosa

Passei a viver um período estável assim que a turbulência causada pelo amor que sinto por você passou. A impetuosidade, sempre presente no sentimento por você, não tinha mais onde se manifestar. Não tinha mais tua presença. Passou a se manifestar no trabalho e nos estudos: a vida racional.

Sem tua presença, ganhei estabilidade, frieza, agressividade, racionalidade. O teu cheiro, que me dava a sensação de manhã ensolarada, não estava mais presente. Nem teus lábios, que me despertavam um desejo quase incontrolável.

Agora só tinha sua lembrança. Tua voz foi rareando à medida que o tempo passava, embora sua beleza tenha ficado fixa na minha retina, que tentava enxergá-la em outros rostos. Em vão, claro.

Sem você ganhei paz. Mas perdi a alma...

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Olá enfermeira

Depois de passar a semana toda acordando muito cedo e dormindo tarde - como, aliás, é a minha rotina -, sexta parece o pior dia da semana. O peso das noites mal dormidas é maior, o cansaço físico e mental é maior, a paciência, inversamente proporcional aos dois itens anteriores, é menor.

Eis que entro na lotação e lá está ela. Sempre com sua calça branca e blusa azul - olá enfermeira, penso. Cabelos bem pretos, um pouco para baixo dos ombros. Pele branquinha, batom sempre com alto contraste. Traços delicados, magra, parece uma boneca de porcelana.

Vez por outra nos encontramos. De vez em quando, ainda ganho um sorriso espontâneo por ser cavalheiro e deixá-la descer primeiro quando chegamos ao destino.

Um sorriso. Um simples sorriso. E ela consegue dar uma dose de alegria no meu dia. O sol parece obedecê-la e mandar o dia nascer, só para combinar com o brilho do seu sorriso.

Nos últimos dois dias, tive o privilégio de encontrá-la. Um deles, inclusive, sentei ao seu lado. Ao pedir licença, vi seus olhos fitando nos meus e sorrindo: "toda". Gestos simples, que parecem fazer toda diferença. Se ela soubesse o quanto aquele sorriso faz bem para o meu dia, poderia mostrá-lo muito mais vezes.