terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Enlace molhado

Era apenas um flerte, que apesar de nada inocente, esperava pouco. Olhares torridamente trocados, palavras timidamente ditas, vontades que só os pensamentos revelavam. O que era um encontro já se anunciava há algumas semanas, mas a festa veio bem a calhar. Era a oportunidade perfeita. Combinaram. Era chegada a hora.

Naquele dia, os caminhos se encontraram logo no início da noite. Um encontro de olhares, mãos que se seguraram, por poucos segundos, antes de se separarem e se perderem em uma multidão escura. A noite, traiçoeira, trouxe outras surpresas. Não aquele encontro programado, esperado. Veio outra pessoa, outro caso, outra história.

A noite parecia que seria assim - e já seria espetacular se terminasse como terminou. Mas a madrugada reservava mais uma surpresa. Depois de aproveitar a noite de mãos dadas, de forma inesperada, com uma história do passado com capítulos esparsos e sem continuidade, veio um novo encontro. Como aquele lá, do começo, quando as mãos se encontraram e os olhos se devoraram.

Os sorrisos se acharam. Aquele olhar, marcante, forte, sedutor e irresistível, olhava nos olhos de um jeito que a aproximação tornou-se natural. "Vi que você estava com outra", ela disse. "Eu não namoro", ele respondeu. Naquele momento, nenhum deles sabia, mas ali nascia uma atração sedutora e absolutamente livre dos laços de relacionamentos, que tantos problemas causam a milhões de casais.

Ela, ali, disse: "Não fico com caras que namoram". Ele reiterou: "Não namoro". Ambos foram sinceros. Não parece grande coisa, mas essa marca carregariam enquanto se vissem. Os olhares, depois dos esclarecimentos, voltaram a se desejar e as mãos dele envolveram o pescoço dela, aproximando a boca de ambos até tornarem-se inseparáveis.

O desejo percorria o beijo, os cabelos dela no meio dos dedos dele, a pele dela grudada na dele, o olhar sedutor dela com o abraço apertado dele, que a trazia para junto, colando seus quadris, enquanto ele apertava a cintura dela com as mãos, como um escultor moldando sua obra, uma obra-prima, que ele mesmo admirava, linda.

A ligação era forte, de corpo, de olhares, de quadris. A noite chegou ao fim, com a luz começando a enfeitar o dia. Eles não sabiam, mas veriam o dia amanhecer outras vezes, juntos. Mas naquele momento, não importava futuro, nem sabiam se isso existiria, talvez nem se importassem.

O que valia era aquele dia raiado, os beijos molhados, o desejo incontido, o sabor ácido. Era um laço de sedução. Um laço que iriam abrir para aproveitar a paixão devassa, avassaladora e intensa. Mas isso seria outro dia. Naquele, se despediram com um beijo, tórrido - uma marca que deixariam um com o outro, como um souvenir definitivo daquela relação.

2 comentários:

Júlie disse...

Simplesmente lindo! Poxa, você escreve muito bem, Lobo.
;)

Bruna disse...

Envolvente, como sempre.